quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Walking elsewhere I


(c)

As minhas botas batucavam um ritmo não-sei-quê pelo empredado, esburacado, em direcção ao metro.

Era o único barulho na rua, o toc-toc-toc decidido e (claro) atrasado, percurso fora, céu azul, com uns quantos sub-ritmos tipicamente lisboetas – os três passinhos mais curtos para conseguir passar entre os carros espraiados nos passeios; o passinho mais largo para evitar o alívio intestinal de um cão com um dono menos civilizado; o passo mais para o lado para evitar que o salto se prendesse na renda das pedras soltas que a falta de cuidado da Câmara cultiva. Podem dizer que não sabemos conduzir, mas caminhar por Lisboa, de saltos altos, é certamente uma arte.

Aprendi a andar cedo, ao mesmo tempo que todos os bebés. Mas só aprendi a caminhar por volta dos 13, com o meu Tio João. Uma vez, passeando com ele, por ocasião das minhas reclamações afogueadas por não o conseguir apanhar (ele alto, pernas grandes, eu pequena, pernas curtas), entregou-me a chave: “Quando caminhares, põe o pé sempre um pouco mais à frente do sítio onde o irias pôr”.

3 Comments:

alegriadosreis said...

The Plunge

I would bathe myself in strangeness:
These comforts heaped upon me, smother me!
I burn, I scald so for the new,
New friends, new faces,
Places!
Oh to be out of this,
This that is all I wanted
- save the new.

And you,
Love, you the much, the more desired!
Do I not loathe all walls, streets, stones,
All mire, mist, all fog,
All ways of traffic?
You, I would have flow over me like water,
Oh, but far out of this!
Grass, and low fields, and hills,
And sun,
Oh, sun enough!
Out, and alone, among some
Alien people!

(Ezra Pound)

Pedro Barbosa said...

Aquele abraço e obrigado pelo comment no meu blog. Aparece sempre, serás sempre bem vindo. Sporting Sempre !

What's in a name? said...

Bemvind...A!
:-)

Merci!